terça-feira, 16 de julho de 2013

Primeiro Capítulo - Menina de Rua.



Olá pessoal, como estão?

Sempre postos meus poemas, mas nunca postei nem uma palavra dos meus livros, então hoje resolvi postar um pedacinho do primeiro capítulo.
Infelizmente, eu tinha um livro semi pronto, estava apenas revisando, mas perdi tudo quando meu querido esposo formatou o computador sem me avisar. Pois é, quase chorei, mas não tinha o que fazer. Fiquei tão desanimada que resolvi deixar pra lá e esperar um novo momento para reescrevê-lo, então estou dando andamento á outro livro, que graças a Deus eu tinha uma cópia salva em um e-mail.

Sempre submeto minhas palavras a leitura de uma amiga sincera, a Pri,  blogueira do Pratique um Livro, que nunca me deixou na mão quando o assunto é dizer a verdade, mas mesmo assim achei que seria interessante ouvir opiniões de outros leitores e que possam ser sinceros como ela.


Então aqui estamos nós, eu e meu bebezinho. Vamos a leitura.

Menina de Rua

1. Anja

Naquele domingo, era aniversário da Laura – mãe da Anja. Laura não gostava muito de ser chamada de mãe, dizia que isso era pra velha. Antes de Anja se afastar do bar, onde sua mãe estava bebendo, uma de suas amigas, ofereceu-lhe um banho. Fazia alguns dias que ela não tomava banho, então aceitou.


A casa era mais suja do que o rio onde ela nadava para se limpar. Na sala tinha roupas sujas por todos os lados, pratos com restos de comidas perto da televisão, - Anja nunca conseguiu imaginar aquela mulher cozinhando alguma coisa. Certificou-se de que não havia ninguém em casa, até onde ela sabia, Joana não tinha marido, e nenhum de seus filhos moravam com ela, mas era sempre bom garantir. Não gostaria de ser flagrada no banho por um de seus amiguinhos.
Ela pensou que estava sendo hipócrita, Joana era uma mulher legal, tirando seu vício, ela era uma boa pessoa e, sempre lhe tratou muito bem. Sentiu se mal por pensar aquelas coisas, ela não merecia. A casa era pequena, mas pelo menos, ela tinha uma. Por várias vezes, ela pediu para que a Laura e Anja fossem morar com ela, a Laura praticamente já morava, mas Anja não quis. Preferia a rua, não por não gostar da mulher, mas porque na rua era livre. E também não gostaria de saber como ela ganhava dinheiro, porque não trabalhava... Então, era melhor nem pensar.
Foi até o quarto. Joana prometeu que ali ela encontraria toalha limpa, ainda bem que não mentiu. Em um cantinho no guarda roupa havia uma pilha de toalhas novas e cheirosas.
Foi o melhor banho que já tomou. Na verdade, foi o único banho de verdade que tomou depois de ter saído da casa de recuperação para jovens. Era ótima a sensação da água morna caindo sobre sua cabeça e, escorrendo sobre seu corpo. Pode até usar condicionador no cabelo, que ficou macio como algodão.  Riu sozinha. Custou, mas desligou o chuveiro. Enrolou-se na toalha e foi para o quarto da Joana.
Como não tinha ninguém em casa, não trancou a porta, apenas a fechou. Anja estava limpa e, agora sim parecia um anjo, as manchas já haviam deixado seu rosto. Ela quase podia dizer que estava cheirosa. O único problema era que, suas roupas continuavam imundas, e seu tênis estava marrom de sujeira. Se vestisse aqueles trapos novamente, iria sujar-se novamente, mas não tinha escolha, eram as peças de roupa que tinha...
Abriu o guarda roupa, Joana não ligaria se pegasse uma roupa emprestada, depois devolveria. Só não queria ir para o centro da cidade com roupas sujas, as pessoas sempre lhe lançavam olhares tortos e com medo de serem assaltados.
Tudo o que encontrou no guarda roupa foram alguns vestidos de festa, que com certeza ela não usaria, e vestidos estampados com flores ou bolinhas, todos ficariam muito largos. Como diz o ditado, “ficou entre a cruz e a espada”.
Antes que pudesse se decidir, ouviu um barulho na porta da frente, alguém estava entrando. Junto com o barulho da porta se fechando, veio uma voz firme.
- Mãe?! Você está em casa? – chamou se aproximando da porta do quarto.
Ah, Joana havia dito que não receberia visitas hoje, mas só podia ser. Como pode acreditar? Ela estava bêbada.
O que ela diria quando ele a visse? Será que deveria responder? Olhou a porta e viu a maçaneta virando, ele iria entrar e, ela estava completamente nua.
- Se entrar eu juro que arranco sua mão! – gritou sem pensar. Funcionou, porque a porta não se abriu. Ao invés disso, veio sua voz desconfiada.
- Quem é você? – que pergunta idiota.
- Sou uma amiga da sua mãe, ela disse que podia tomar um banho.
Ouviu uma fungada de raiva, ele não gostou de lhe encontrar ali.
- Será possível? Será que ela nunca vai me ouvir, e parar de deixar esse tipo de gente entrar aqui? – falou para si mesmo. Não fez nenhum esforço para não ser ouvido. Anja ficou com raiva e abandonou qualquer sinal de educação que pudesse ter.
- Sou do mesmo tipo de gente que a sua mãe é, a única diferença entre nós é que não bebo e, não fumo. – respondeu com indiferença. Não deixou que a raiva soasse com suas palavras.
Pegou o vestido de bolinhas e o vestiu. Anja precisava dar o fora dali logo, antes que ele resolvesse chutá-la.
- Pensei que você gostasse da minha mãe. – falou com desdém.
Ele estava na cozinha, guardando alguma coisa no armário. Mesmo não vendo seu rosto, percebeu que era bonito. Bonito demais pra ser filho da Joana, era lindo como qualquer outro menino mimado. Não parecia ser pobre como a mãe, estava bem vestido. Anja quase não pode acreditar que aquele rapaz tão bem vestido, era filho de uma mulher viciada em bebida, que nem limpava a casa.
- Da sua mãe eu gosto... Só não gosto de... – ele virou– você. – gaguejou. Ele era realmente muito bonito, mas também era muito parecido com a Joana. Vendo-o imaginou que um dia Joana também fora bonita assim. Sua pele era bronzeada, como a da mãe, só que sem rugas. Olhos escuros e ansiosos como os dela, era a versão masculina da Joana.
Ele não a olhou com nojo, havia até mesmo bondade nos olhos dele naquele momento. Ele lhe olhou dos pés a cabeça e riu alto.
- Acredito que esse vestido seja da minha mãe. – apontou para a roupa que usava.
Anja ficou sem jeito, a primeira impressão dela era de uma invasora e, agora, com a roupa de sua mãe. Ela não era tão feia, mesmo para uma moradora de rua. Tinha lindos cachinhos loiros e, olhos claros, mas vestida daquele jeito ela não tinha certeza do que ele estava pensando.
Não gostou de querer que ele notasse isso. Ele era só um riquinho mimado.
- Acho que ela não irá se importar se pegar emprestado. – respondi secamente.
- Não, acho que não. Mas isso não caiu muito bem em você. – falou avaliando.
- Acredito que seja melhor que isso. – levantou suas velhas roupas sujas.
Ele juntou os lábios e concordou. Pensou por um instante, depois lhe olhou dos pés a cabeça, de um modo estranho.
- Acho que posso te ajudar com isso. – passou por ela e foi até um cômodo fechado. Abriu a porta e chamou.
Era um quarto completamente o oposto do resto da casa, a cama estava arrumada, não se via nenhuma mancha no chão ou na parede. Era um quarto feminino, com cortinas rosa choque, e o lençol era rosa bebê. Em cima do criado mudo havia uma foto, era uma garota morena como o rapaz, era muito parecida com ele.
Ele abriu o guarda roupa, tirou uma calça jeans e uma blusa regata. Estavam limpas e cheirosas.
- Vista isso, acho que ficará melhor do que esse vestido. Acho que vai servir. – ela não entendeu o porquê ele estava sendo gentil, ela tinha sido mal educada com ele e respondido mal.
Entregou-lhe as roupas e saiu do quarto fechando a porta.
A roupa serviu como uma luva. Era bem melhor do que aquele vestido de bolinhas.
Ele bateu na porta devagar.
- Posso entrar, ou vai me ameaçar de novo? – perguntou abrindo a porta. –Nossa! Ficou realmente muito bom.
Segurou minha mão e me rodou.
- Pegue isso. – estendeu-lhe um par de tênis – É melhor do que o que está usando.
- Valeu.
Anja vestiu os tênis, e pela primeira vez sentiu-se uma mulher bonita, limpa e cheirosa.
- Qual é seu nome? – ele perguntou de repente.
- Pode me chamar de Anja. – olhou-lhe sem jeito e sorriu.
- Claro. Já que perguntou, eu sou Nicolas. – devolveu um sorriso sincero.
Ele estava parado sem dizer nada, o que a deixou sem graça. Anja não sabia como se comportar, ou o que devia falar, então decidiu que era melhor não dizer nada, ele era somente mais um riquinho fingindo ser gentil.
- Você vai ficar por muito tempo aqui? – ele perguntou enfiando a cabeça na geladeira.
Ela entendeu o recado, e não gostou – Não, estou caindo fora.
Ele percebeu seu tom amargo – Não to te mandando embora. Só queria pedir um favor.
Olhou-a pedindo desculpas e sorriu quando viu que ela esperou.
- Eu estou indo embora, tenho compromisso. Você pode entregar a chave para a minha mãe? – ele fez cara de desentendido.
- Acho melhor deixar a casa aberta.
- Por quê?
- Por que não vai querer que ela perca a chave, e tenha de dormir na calçada. Confie em mim, ela não deve estar legal.
Ela viu quando a dor atravessou o peito do Nicolas pela cara que fez, ele não gostou de ouvir aquilo.
Sentiu repentinamente uma vontade de se desculpar, mas não fez. Era estranho como estava se sentindo por deixá-lo magoado, ela queria muito se desculpar.
- Eu só to tentando ajudar. – falou tentando fazer soar como uma desculpa.
Ele olhou-a e depois virou o rosto.
- Tudo bem. Você está certa.

Anja percebeu que ele não diria mais nada, apenas virou as costas e partiu.
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E ai, o que acharam? Espero que tenham gostado e que comentem, mas se não gostaram, comentem também.
Estou ansiosa para conhecer opiniões.

Beijinhos e até mais.



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